segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O Profeta no Antigo Testamento


O Profeta no Antigo Testamento
Por
Mario Marcos[1]

 Is 6.8,9 "Depois disso, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então, disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim. Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvis, de fato, e não entendeis, e vedes, em verdade, mas não percebeis."

O LUGAR DOS PROFETAS NA HISTÓRIA DE HEBREUS.
(1) Os profetas do AT eram homens de Deus que, espiritualmente, achavam-se muito acima de seus contemporâneos. Nenhuma categoria, em toda a literatura, apresenta um quadro mais dramático do que os profetas do AT. Os sacerdotes, juízes, reis, conselheiros e os salmistas, tinham cada um, lugar distintivo na história de Israel, mas nenhum deles logrou alcançar a estatura dos profetas, nem chegou a exercer tanta influência na história da redenção.

(2) Os profetas exerceram considerável influência sobre a composição do AT. Tal fato fica evidente na divisão tríplice da Bíblia hebraica: a Torá, os Profetas e os Escritos (cf. Lc 24.44). A categoria dos profetas inclui seis livros históricos, compostos sob a perspectiva profética: Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis. É provável que os autores desses livros fossem profetas. Em segundo lugar, há dezessete livros proféticos específicos (Isaías até Malaquias).

PALAVRAS HEBRAICAS APLICADAS AOS PROFETAS.

(1) Ro’eh. Este substantivo, traduzido por "vidente", em português, indica a capacidade especial de se ver na dimensão espiritual e prever eventos futuros. O título sugere que o profeta não era enganado pela aparência das coisas, mas que as via conforme realmente eram — da perspectiva do próprio Deus. Como vidente, o profeta recebia sonhos, visões e revelações, da parte de Deus, que o capacitava a transmitir suas realidades ao povo.
Etimologia da palavra profeta
Nabi’= profeta. Na acadico tem um verbo que se chama nabû, aquele que tem uma mensagem, no hebraico quer dizer falar sob inspiração profética.
Dabar= palavra, e isto está intimamente ligado com o profeta. E também está ligada ao Gênesis, palavra criadora, Davar+Deus=criação. A palavra javé não tem etimologia, mas está ligada a ser, “EU SOU”, ou acontece, isto é, javé é o que faz acontecer.
Ruach= espírito, Ar em movimento, é o que faz dabar, palavra acontecer. Dabar tem um peso masculino e Ruach feminino.
Sabedoria, instrução, que leva para a felicidade e o amor. (Is-50:4) “Javé me da língua instruída para que soubesse trazer ao cansado uma palavra de consolo de manhã em manhã ele me desperta para que eu ouça...” A palavra instruída no hebraico é “limmud” que quer dizer: acostumado, ensinado, aluno, discípulo. Tudo isso está ligado à humildade, isto é, o profeta gosta de aprender, está totalmente dependente desta palavra. Para o profeta humildade é não tomar o espaço de Deus, é deixar Deus acontecer. Consolo no texto quer dizer “Libertação”. Como o consolo se torna eficaz? O consolo que quer dizer “está com o que está só” só se concretiza ou se torna eficaz quando você alivia de maneira real a necessidade do outro. Na bíblia os profetas eram conhecidos como videntes e homens de Deus e mulheres de Deus, iluminados. No tempo da monarquia também tinham profetas servindo a coorte, mas só beneficiavam a coorte. A crítica ao culto é olho da profecia, não o templo em si, mas o que faziam dele.
(2) Nabi’. (a) Esta é a principal palavra hebraica para "profeta", e ocorre 316 vezes no AT. Nabi’im é sua forma no plural. Embora a origem da palavra não seja clara, o significado do verbo hebraico "profetizar" é: "emitir palavras abundantemente da parte de Deus, por meio do Espírito de Deus" (Gesenius, Hebrew Lexicon). Sendo assim, o nabi’ era o porta-voz que emitia palavras sob o poder impulsionador do Espírito de Deus. A palavra grega prophetes, da qual se deriva a palavra "profeta" em português, significa "aquele que fala em lugar de outrem". Os profetas falavam, em lugar de Deus, ao povo do concerto, baseados naquilo que ouviam, viam e recebiam da parte dEle. (b) No AT, o profeta também era conhecido como "homem de Deus" (ver 2Rs 4.21 nota), "servo de Deus" (cf. Is 20.3; Dn 6.20), homem que tem o Espírito de Deus sobre si (cf. Is 61.1-3), "atalaia" (Ez 3.17), e "mensageiro do Senhor" (Ag 1.13). Os profetas também interpretavam sonhos (e.g., José, Daniel) e interpretavam a história — presente e futura — sob a perspectiva divina.

HOMENS DO ESPÍRITO E DA PALAVRA. O profeta não era simplesmente um líder religioso, mas alguém possuído pelo Espírito de Deus (Ez 37:1-4). Pelo fato do Espírito e a Palavra estarem nele, o profeta do AT possuía estas três características:
(1) Conhecimentos divinamente revelados. Ele recebia conhecimentos da parte de Deus no tocante às pessoas, aos eventos e à verdade redentora. O propósito primacial de tais conhecimentos era encorajar o povo a permanecer fiel a Deus e ao seu concerto. A característica distintiva da profecia, no AT, era tornar clara a vontade de Deus ao povo mediante a instrução, a correção e a advertência. O Senhor usava os profetas para pronunciarem o seu juízo antes de este ser desferido. Do solo da história sombria de Israel e de Judá, brotaram profecias específicas a respeito do Messias e do reino de Deus, bem como predições sobre os eventos mundiais que ainda estão por ocorrer.
(2) Poderes divinamente outorgados. Os profetas eram levados à esfera dos milagres à medida que recebiam a plenitude do Espírito de Deus. Através dos profetas, a vida e o poder divinos eram demonstrados de modo sobrenatural diante de um mundo que, doutra forma, se fecharia à dimensão divina.
(3) Estilo de vida característico. Os profetas, na sua maioria, abandonaram as atividades corriqueiras da vida a fim de viverem exclusivamente para Deus. Protestavam intensamente contra a idolatria, a imoralidade e iniqüidades cometidas pelo povo, bem como a corrupção praticada pelos reis e sacerdotes. Suas atividades visavam mudanças santas e justas em Israel. Suas investidas eram sempre em favor do reino de Deus e de sua justiça. Lutavam pelo cumprimento da vontade divina, sem levar em conta os riscos pessoais.

OITO CARACTERÍSTICAS DO PROFETA DO ANTIGO TESTAMENTO. Que tipo de pessoa era o profeta do AT?
(1) Era alguém que tinha estreito relacionamento com Deus, e que se tornava confidente do Senhor (Am 3.7). O profeta via o mundo e o povo do concerto sob a perspectiva divina, e não segundo o ponto de vista humano.
(2) O profeta, por estar próximo de Deus, achava-se em harmonia com Deus, e em simpatia com aquilo que Ele sofria por causa dos pecados do povo. Compreendia, melhor que qualquer outra pessoa, o propósito, vontade e desejos de Deus. Experimentava as mesmas reações de Deus. Noutras palavras, o profeta não somente ouvia a voz de Deus, como também sentia o seu coração (Jr 6.11; 15.16,17; 20.9).
(3) À semelhança de Deus, o profeta amava profundamente o povo. Quando o povo sofria, o profeta sentia profundas dores (ver O LIVRO DAS LAMENTAÇÕES). Ele almejava para Israel o melhor da parte de Deus (Ez 18.23). Por isso, suas mensagens continham, não somente advertências, como também palavras de esperança e consolo.
(4) O profeta buscava o sumo bem do povo, i.e., total confiança em Deus e lealdade a Ele; eis porque advertia contra a confiança na sabedoria, riqueza e poder humanos, e nos falsos deuses (Jr 8.9,10; Os 10.13,14; Am 6.8). Os profetas continuamente conclamavam o povo a viver à altura de suas obrigações conforme o seu concerto estabelecido com Deus, para que viesse a receber as bênçãos da redenção.

(5) O profeta tinha profunda sensibilidade diante do pecado e do mal (Jr 2.12,13, 19; 25.3-7; Am 8.4-7; Mq 3.8). Não tolerava a crueldade, a imoralidade e a injustiça. O que o povo considerava leve desvio da Lei de Deus, o profeta interpretava, às vezes, como funesto. Não podia suportar transigência com o mal, complacência, fingimento e desculpas do povo (32.11; Jr 6.20; 7.8-15; Am 4.1; 6.1). Compartilhava, mais que qualquer outra pessoa, do amor divino à retidão, e do ódio que o Senhor tem à iniqüidade (cf. Hb 1.9 nota).
(6) O profeta desafiava constantemente a santidade superficial e oca do povo, procurando desesperadamente encorajar a obediência sincera às palavras que Deus revelara na Lei. Permanecia totalmente dedicado ao Senhor; fugia da transigência com o mal e requeria fidelidade integral a Deus. Aceitava nada menos que a plenitude do reino de Deus e a sua justiça, manifestadas no povo de Deus.
(7) O profeta tinha uma visão do futuro, revelada em condenação e destruição (e.g., 63.1-6; Jr 11.22,23; 13.15-21; Ez 14.12-21; Am 5.16-20,27, bem como em restauração e renovação (e.g., 61– 62; 65.17–66.24; Jr 33; Ez 37). Os profetas enunciaram grande número de profecias acerca da vinda do Messias (ver o diagrama das PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO CUMPRIDAS EM CRISTO).
(8) Finalmente, o profeta era, via de regra, um homem solitário e triste (Jr 14.17,18; 20.14-18; Am 7.10-13; Jn 3– 4), perseguido pelos falsos profetas que prediziam paz, prosperidade e segurança para o povo que se achava em pecado diante de Deus (Jr 15.15; 20.1-6; 26.8-11; Am 5.10; cf. Mt 23.29-36; At 7.51-53). Ao mesmo tempo, o profeta verdadeiro era reconhecido como homem de Deus, não havendo, pois, como ignorar o seu caráter e a sua mensagem.

A MENSAGEM DOS PROFETAS DO ANTIGO TESTAMENTO. A mensagem dos profetas enfatiza três temas principais:
(1) A natureza de Deus. (a) Declaravam ser Deus o Criador e Soberano onipotente do universo (e.g., 40.28), e o Senhor da história, pois leva os eventos a servirem aos seus supremos propósitos de salvação e juízo (cf. Is 44.28; 45.1; Am 5.27; Hc 1.6). (b) Enfatizavam que Deus é santo reto e justo, e não pode tolerar o pecado, iniqüidade e injustiça. Mas a sua santidade é temperada pela misericórdia. Ele é paciente e tardio em manifestar a sua ira. Sendo Deus santo, em sua natureza, requer que seu povo seja consagrado e santo ao SENHOR (Zc 14.20; cf. Is 29.22-24; Jr 2.3). Como o Deus que faz concerto, que entrou num relacionamento exclusivo com Israel, requer que seu povo obedeça aos seus mandamentos, como parte de um compromisso de relacionamento mútuo.
(2) O pecado e o arrependimento. Os profetas do AT compartilhavam da tristeza de Deus diante da contínua desobediência, infidelidade, idolatria e imoralidade de seu povo segundo o concerto. E falavam palavras severas de justo juízo contra os transgressores. A mensagem dos profetas era idêntica a de João Batista e de Cristo: "arrependei-vos, senão igualmente perecereis". Prediziam juízos catastróficos, tal como a destruição de Samaria, pela Assíria (e.g. Os 5.8-12; 9.3-7; 10.6-15), e a de Jerusalém por babilônia (e.g., Jr 19.7-15; 32.28-36; Ez 5.5-12; 21.2, 24-27).
(3) Predição e esperança messiânica. (a) Embora o povo tenha sido globalmente infiel a Deus e aos seus votos, segundo o concerto, os profetas jamais deixaram de enunciar-lhe mensagens de esperança. Sabiam que Deus cumpriria os ditames do concerto e as promessas feitas a Abraão através de um remanescente fiel (ver o estudo O CONCERTO DE DEUS COM ABRAÃO, ISAQUE E JACO). No fim, viria o Messias, e através dEle, Deus haveria de ofertar a salvação a todos os povos. (b) Os profetas colocavam-se entre o colapso espiritual de sua geração e a esperança da era messiânica. Eles tinham de falar a palavra de Deus a um povo obstinado, que, inexoravelmente rejeitavam a sua mensagem (cf. Is 6.9-13). Os profetas eram tanto defensores do antigo concerto, quanto precursores do novo. Viviam no presente, mas com a alma voltada para o futuro.


[1] Mario Marcos Andrade da Silva, Bacharel em Teologia pelo (ICEC), Instituto Cristão de Estudos Contemporâneos. M. 10.1.509. Convalidação Faculdade Unida. Além de especialista em escatologia, angelologia e aconselhamento pastoral pelo IDE Missões.

sábado, 10 de setembro de 2011

O AMOR PERMANECE


Análise Exegética de 1 Coríntios 13
Texto
“1Mesmo que eu fale em línguas, a dos homens e a dos anjos, se me falta o amor, sou um metal que ressoa, um címbalo retumbante.
2Mesmo que tenha o dom da profecia, o saber de todos os mistérios e de todo o conhecimento, mesmo que tenha a fé mais total, a que transporta montanhas, se me falta o amor, nada sou.
3Mesmo que distribua todos os meus bens aos famintos, mesmo que entregue o meu corpo às chamas, se me falta o amor, nada lucro com isso.
4O amor tem paciência, o amor é serviçal, não é ciumento, não se pavoneia, não se incha de orgulho, 5nada faz de inconveniente, não procura o próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor, 6não se regozija com a injustiça, mas encontra a sua alegria na verdade.
7Ele tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
8O amor nunca desaparece.
As profecias? Serão abolidas.
As línguas? Acabar-se-ão.
O conhecimento? Será abolido.
9Pois o nosso conhecimento é limitado e limitada é a nossa profecia.
10Mas quando vier a perfeição, o que é limitado será abolido.
11Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Quando me tornei homem, pus cobro ao que era próprio da criança.
12Agora, vemos em espelho e de modo confuso; mas então, será face a face. Agora o meu conhecimento é limitado; então, conhecerei como sou conhecido. 13Agora, portanto, permanecem três coisas, a fé, a esperança e o amor, mas o amor é o maior.”[1]

Introdução

Esta perícope, na verdade, se inicia no v. 31 parte b “E além disso, eu vou indicar-vos um caminho infinitamente superior”. Como continuação do texto anterior em que Paulo trabalha a questão dos diversos dons dos membros do corpo de Cristo.
Tem sido chamada de “Hino ao amor”. Uma pergunta que fazemos é sobre o gênero literário: trata-se totalmente de um poema? Há um refrão: “se me falta amor...” que se repete nos  v. 1 ao v.3. Esses três versículos nos remetem mais a idéia de um poema. Portanto eu sugiro que possa existir na verdade aqui mais de uma perícope ou talvez teríamos subperícopes. Sendo a primeira do v.1 ao v.3. Veja a estrutura sugerida para essa primeira:
Subperícope 1 – “Poema ao amor” – v.1-3
1ª Estrofe (v.1)
Mesmo que eu fale em línguas, a dos homens e dos anjos
Se me falta o amor...
Sou um metal que ressoa, um címbalo retumbante.

2ª Estrofe (v.2)
Mesmo que tenha o dom da profecia, o saber de todos os mistérios e de todo o
conhecimento
Mesmo que tenha a fé mais total, a que transporta montanhas
Se me falta o amor...
Nada sou.

3ª Estrofe (v.3)
Mesmo que distribua todos os meus bens aos famintos,
mesmo que entregue o meu corpo às chamas,
Se me falta o amor...
Nada lucro com isso.

A estrutura das estrofes é basicamente assim:

1) Primeiro e às vezes o segundo verso: hipótese de dom ou trabalho efetuado
2) O refrão: “Se me falta o amor”
3) Conclusão: inutilidade, nulidade.


As outras subperícopes poderiam ser dividas da seguinte forma:
           
4 – 7: O que é o amor
           
8 – 13: A permanência do amor diante da transitoriedade dos demais dons


 Subperícope 2 – “O que é o amor?” – v.4-7

Esta segunda perícope  ou subperícope, não tem tanto um aspecto de poema. Primeiro, pela falta do refrão e segundo, por ter características retóricas.
Dos versículos 4-6a, Paulo faz afirmações e negações do que é do que não é o amor ágape (no grego). Essas afirmações não são meramente conceituais, mas se baseiam em experiências e ações que expressam o verdadeiro amor.
Dos versículos 6b-7, Paulo usa a retórica para contrapor as negações sobre o amor nos versículos anteriores.

Subperícope 3 – “A permanência do amor diante da transitoriedade dos demais dons” – v.8-13

Ainda usando de retórica, Paulo contrapõe a transitoriedade dos demais dons com relação ao amor que é permanente.
v.8 – Os três dons mencionados no capítulo anterior: profecias, línguas e conhecimento. Tudo será abolido, acabará. (v.9-10).
v.11 – A metáfora da criança que ao se tornar adulto deixa as coisas de criança. Temporalidade. Transitoriedade.
v.12 – A metáfora do espelho. Mostra limite, imperfeição
v.13 – A conclusão do que permanece: o amor.

Conclusão:

Essa perícope pode ser divida em três subunidades ou subperícopes, como queiram chamar. Sendo a primeira de estrutura poética e as duas últimas de função retórica.
Existem discussões sobre o que é essa perfeição que viria (v.10). Em minha opinião, fica muito claro que o perfeito é o próprio amor, o ágape. E que não tem necessariamente um aspecto escatológico e sim como algo que sempre decorre quando o amor acontece. Havendo amor, desaparece ou não se torna mais necessário os demais dons.


[1] Tradução Ecumênica da Bíblia. Loyola, São Paulo: 1994.

IDOLATRIA E CULTO AOS DEMÔNIOS


INTRODUÇÃO

            Corinto era uma importante cidade da Grécia, e a capital da província romana Acaia. Sua posição geográfica privilegiada favorecia o comércio, a cultura, os esportes e as religiões pagãs. Em Corinto havia muitos templos dedicados aos deuses greco-romanos. Dentre eles, destacava­-se o de Afrodite, localizado no topo do Acrocorinto, tendo mais de mil sacerdotisas que se dedi­cavam à prostituição religiosa. As festas dedicadas a esses de­mônios eram repletas de música, orgia, comida, bebida e excessos de todos os tipos. Nas oferendas de animais, uma parte era quei­mada no altar do ídolo, a outra era doada ao sacerdote, e a última era entregue ao ofertante, que quase sempre a vendia no mercado.
            Capítulos 8, 9, 10 e 11:01 são comuns e constituem um único contexto. Para uma melhor compreensão das questões que Paulo tem nessa seção de sua carta aos Coríntios, devemos esquecer as divisões dos capítulos que foram adicionados séculos depois de sua composição. Estas divisões são mecânica e arbitrária, e não representam diferentes temas do argumento de Paulo. No capítulo 8, Paulo introduz o tópico de comer carne oferecida aos ídolos e toca o caso do irmão mais fraco, e que o forte deve desistir de seus direitos como comer quando apresentou o caso de que isso ofenderia o irmão mais fraco.
            Nota introdutória no início do capítulo 9. Capítulo 9 termina, falando sobre o perigo de abusar da liberdade e da direita, em vez de exercer autocontrole, em alguns casos, pôr em perigo a segurança espiritual do irmão mais fraco. Se não houver cuidado, o mais confiante em sua salvação pode ser eliminada. (Aparentemente, alguns em Corinto, com a certeza de que eles poderiam comer carne oferecida aos ídolos não estavam preocupados com a possibilidade de perder suas almas.
            Agora em 10, para ilustrar o ponto, Paulo apresenta o caso dos israelitas no deserto. Eles eram o povo escolhido de Deus, e encorajou-o, e pensaram que estavam diante de Deus, mas morreu! (Paulo - "Se eles morreram, isso provavelmente pode acontecer comigo também", 9:27). Então fala como fugi da idolatria. Finalmente, a começar o v. 25 Paulo volta a falar em particular a comer carne oferecida aos ídolos, a questão particular, que começou no Capítulo 8.
            Antes de decorrermos pelo texto propriamente dito, temos que analisar alguns pontos chaves para uma melhor compreensão do tema.

PERÍCOPE
            Como já falamos na introdução os capítulos 8, 9, 10 e 11:01 de 1 Coríntios são comuns e constituem um único contexto, formando assim uma péricope tratando do mesmo assunto, porém nesta grande perícope ou unidade de sentido, existem outras sub-unidades de sentido, da qual analisaremos a perícope do capítulo 10:14-22 idolatria e culto aos demônios. Essa é nossa delimitação e onde ateremos nossa exegese. Em 10:13 Paulo termina o assunto sobre tentar a Cristo como os Israelitas tentaram no deserto e em 10:23 Paulo inicia falando da liberdade e  caridade cristã, assim nossa parícope fica bem delimitada em 10:14-22.
TEXTO
1Co-10:14-22[1]
14 Por isso, meus queridos, fugi da idolatria.
15 Eu vos falo como a pessoas sensatas:
Julgai vós mesmos o que digo. 16 A taça da bênção
Que abençoamos não é por ventura uma comunhão
Com o sangue de Cristo? O pão que partimos não é
Uma comunhão com o corpo de Cristo? 17 Visto haver um só pão,
Todos nós somos um só corpo; porque todos participamos
Desse pão único. 18 Vede os filhos de Israel: os que comem as vítimas
Sacrificadas não estão por ventura em comunhão
Com o altar? 19 Que quero eu dizer? Que a carne sacrificada aos ídolos
Ou o ídolo tenham, em si mesmos, algum valor? 20 Não! Mas como os seus sacrifícios
São oferecidos aos demônios, e não a Deus, eu não quero que entreis
Em comunhão com os demônios. 21 Não podeis beber,
Ao mesmo tempo, uma taça do Senhor e uma taça
Dos demônios; não podeis participar, ao mesmo tempo,
Na mesa do Senhor e na dos demônios. 22 Ou acaso estaríamos querendo
Provocar o ciúme do Senhor? Somos nós porventura
Mais fortes do que ele?

TRADUÇÕES USADAS
PARA O DESENVOLVIMENTO
DO TRABALHO

TEB. (Tradução Ecumênica da Bíblia)
NVI. (Nova versão internacional)
ARC. (Almeida revista e corrigida)
NTI. (Novo testamento interlinear)

EXTRUTURA INTERNA
v.14-17: Ritual da refeição pascal Judaica.
v.18-20: Participação e comunhão.
v.21-22: A mesa e o cálice.

I. A CARNE SACRIFICADA: ASSUNTO ANTIGO, MAS CONTEMPORÂNEO

            No Antigo Testamento (Dt 32.16,17). Diversas passa­gens bíblicas relacionam o ídolo aos demônios, e o culto idólatra ao culto diabólico (Lv 17.7; 2 Cro 11.15). Os ídolos sempre foram laços para o povo de Israel. Ora, "o ídolo nada é", afirma a Bíblia (1 Co 8.4; 10.19; Sl 115.4-7; Is 44.9-­17). O culto idólatra dos israelitas não era oferecido aos ídolos, mas "aos diabos", como afirma Deuteronômio 32.17.
            O apóstolo adverte a igreja de Corinto para não se envolver com a idolatria, como o povo de Israel no deserto. Naqueles dias, os judeus desviados ofereceram sacrifícios aos demônios, prostituíram-se e comeram da carne sacrificada aos ídolos (1 Co 10.7,8). Para Paulo “O cristão também não deve participar de festividades e atos que cultuam os “santos”, os guias” e ídolos demoníacos. Assim como Daniel, deve o cren­te rejeitar irrevogavelmente o "manjar oferecido aos ídolos" (Dn 1.8,9).
            No Novo Testamento. Em Atos 15.29, a igreja, composta de judeus e gentios (Ef 2.14), é doutrinada a abster-se "das coisas sacrificadas aos ídolos". Essa importante ordenança não apenas confirma a proibição do Antigo Testamento, como também amplia o conceito na era da graça: seja para cumprir o mandamento (At 15.29) seja por motivo de consciência (1 Co 8.7-13), ou ainda para não melindrar o cristão imaturo (1 Co 8.9). Assim como participar da "mesa do Senhor" é um testemunho da nossa filiação, identificação e comunhão com Ele (1 Co 10.18), tomar parte de atividades, reuniões e procissões vinculadas a ídolos, ocultismo e espiritismo é identificar-se com o próprio Diabo (1 Co 10.20,21). A imagem adorada não é nada; ape­nas obra de pedra, de pau, gesso, cimento ou ouro (Sl 115.4-7), mas por detrás dela estão os demônios (ver Ap 9.20; 13.15).

II O DEMÔNIO NO ANTIGO TESTAMENTO
            O demoníaco na Bíblia sempre foi motivo de muitas discussões. Na academia, nos últimos trabalhos sobre esse assunto, é quase consenso entre os exegetas de que não há no Antigo Testamento uma demonologia propriamente dita, como ocorre no mundo do Oriente Próximo[2], enquanto que na literatura apocalíptica do judaísmo tardio, e nos Cristianismos das origens, ocorre uma proliferação de demônios e o mundo é visto como cheio de seres malignos, em uma estrutura bem esquematizada e organizada. Então, perguntar-se somente pelo pano de fundo veterotestamentário para essa visão de mundo não é suficiente, pois teremos poucas respostas.
            Não temos na Bíblia hebraica a presença de uma personificação do mal ou um termo para designar um demônio com autonomia, ou um líder de hostes malignas, ou muito menos uma visão dualista, onde esses seres são inimigos de Deus, ou desejam impedir seus planos e projetos. Concordo com Schiavo que “a figura independente do mal, é difícil de identificar no Antigo Testamento por ser fruto de uma grande mistura cultural, com influências da magia, da religiosidade popular, do ritualismo apotropáico oficial, do simbolismo poético”[3]. Em alguns textos da Bíblia hebraica, o bem e o mal estão ligados a Javé (Is 45,6-7; Jó 2,10; Am 3,6). Na teologia exclusivista do javismo, as ações de características demoníacas foram, com o tempo, atribuídas a Deus, ocorrendo em alguns textos o que podemos chamar de “assimilação mítica”, onde “ao adotar antigas tradições, geralmente pré-israelitas, a teologia oficial suprime os demônios das mesmas, transferindo os traços demoníacos a Javé”[4].
            Depois do contato cultural exílico e pós-exílico, ocorre um desenvolvimento da teologia israelita em relação ao mal, pois aparecem outras figuras geradoras de males, mas mesmo elas estão debaixo das ordens de Javé. Vemos esse desenvolvimento, por exemplo, em 2 Sm 24, 1 e 1 Cro 21,1, onde Davi, no primeiro, é pelo Senhor incitado a recensear o povo (ação que seria posteriormente desaprovada), enquanto no segundo Satã é acusado de tal tentação. Ao recontar a história, o cronista, para poupar Deus da culpa direta, pois neste momento o problema da teodicéia pós-exílica é resolvido com seres celestiais responsáveis pelas desgraças, sugere a invasão de um membro da corte divina na casa real para motivar Davi a pecar[5]. Ocorrem na Bíblia Hebraica expressões de seres animalescos e aterrorizantes, termos invocadores de imagens míticas de monstros marinhos, dragões, seres desérticos e divindades estrangeiras. Estes termos e imagens não são organizados como uma demonologia veterotestamentária, num escopo dualista, mas aparecem como seres do imaginário israelita em diálogo com as religiões circunvizinhas. A imagem dualista da existência e a possibilidade do surgimento de uma demonologia mais prolífera, menos tímida (como aparece no Antigo Testamento), estão ligadas às interações culturais exílica e pos-exílica, onde a religião de Israel moldou uma demonologia mais definida e rica. É digna de nota também a influência da tradução da Septuaginta (LXX), que traduziu como diabolos, carregado do conteúdo grego, expressões como Satan, mudando o teor demonológico da Bíblia hebraica[6]

EXEGESE
            10:14 – Por isso, meus queridos, fugi da idolatria - Paulo agora volta-se para abordar as questões (conf. 8:1) de Coríntios sobre o assunto de comer coisas sacrificadas aos ídolos. Ver também 9:1.
            A frase "portanto" introduz a conclusão do assunto discutido acima.
Pelo "amado" ou “querido” (cf. 10:1) Paulo apela com toda a ternura e interesse genuíno à sua espiritualidade, e assim adoça seu apelo. Porque é tão amado, que não querem nada que possa causar a destruição. O texto diz literalmente, "sempre vos fugi da idolatria" (imperativo presente). Está implícito que eles já estavam cometendo idolatria, mas na verdade não fazer qualquer coisa que poderia levar a um ato de idolatria, como Paulo está para explicá-la.
            Os israelitas no deserto fizeram participar de idolatria, e perderam suas vidas lá. Não atingiu seu objetivo: a terra prometida. Não entrar no descanso de Deus (Heb. 3:15-19). O amado irmão de Paulo em Corinto corre o mesmo risco, se não controlar a sua liberdade como para comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Paulo está explicando para comer essas coisas em atos de adoração de ídolos é idolatria, porque é adoração ao diabo. Sua liberdade não justifica em tais cultos.
            Este é o caso iremos obviamente a Atos. 15:29, "abster-se de coisas sacrificadas a ídolos". O cristão adora a Deus somente (Mt 4:10). A única reação sensata, contra a idolatria, é fugir. Compare (6:18) (1Tm-6:11) (2Tm-2:22).
            10:15 – Eu vos falo como a pessoas sensatas: julgai vós mesmos o que digo - Paulo apela para a inteligência normal, que teria os leitores de sua carta. Seu argumento seria aceito como válido e significativo, pois eles eram sábios. Paulo poderia facilmente julgar o certo do que eles diziam. Na realidade, envolve Paulo: "O que eu digo é inquestionável." O caso está em curso. Quem não sabe que a comunhão com os outros (neste caso, com seres invisíveis) dá-lhes alguma influência sobre a pessoa e identificados com eles? Esta é a premissa maior.
            O homem é responsável para julgar, utilizando a Deus deu poderes. Compare Atos. 17:11, Ef. 5:17. Ao fazer isso, a conclusão inevitável se torna sua própria convicção e não apenas uma questão de autoridade de outro.
            10:16 - O cálice de bênção que nós abençoamos - Por metonímia (nomear uma coisa com outro nome), Paulo dizendo "copo" refere-se à taça (o pote) que contém o fruto da videira (Mateus 26:29).
            É chamado de "o cálice de bênção", não por alguma graça especial é canalizado por um cálice, mas porque o Senhor abençoou quando ele instituiu a Ceia, e porque nós a tomá-lo, o bendito (11:25, Mt-26:27 , Mc-14:23, Lc-22:17), isto é, agradecer por isso, e assim o agrado reconhecê-lo. As duas expressões significam a mesma coisa e são usados ​​indistintamente. (Comp certeza Lc-9:16).. Abençoar significa dizer algo de bom sobre a coisa. Abençoa a taça para dar graças a Deus por isso, isto é, para os benefícios que traz o sangue de Cristo, louvando-o por Seu amor em Cristo para nós. Abençoa a taça, a taça não confere bênçãos (no sentido de sacramento).
            Não pode haver significado especial no fato de que Paulo aqui cita o cálice antes do pão, como em 11:23-25 ​​menciona o pão primeiro na ordem da consagração dos dois elementos em que Cristo instituiu a Ceia.
- Não é a comunhão do sangue de Cristo? - A palavra grega para "comunhão", koinonia, significa participação (ver. 17,21), comunicação, companheirismo. Paulo diz que este "cálice" é algo, é a comunhão com o sangue que Jesus derramou na Sua morte por nós. Faz-nos participantes dos benefícios desse sangue precioso (1Pe-1:19). Não admira que o ato de tomar o fruto da videira, a cada primeiro dia da semana anunciando a morte de Cristo (11:26).
            Os termos "comunhão do sangue" e "a comunhão do corpo" significam os benefícios que a participação na morte de Cristo na cruz traz ao homem. As doutrinas de Transubstanciação (a Igreja Católica Romana) e Consubstanciação (Igreja Luterana) são torcidas interpretações das escrituras. Paulo, depois de falar de dar graças pelo pão e o cálice, ele diz aos coríntios que eles comem o pão (não o corpo literal de Cristo) e o copo (não o sangue literal de Cristo). Ver 11:26,28. Cristo ainda estava em seu corpo quando ele disse: "Tomai e comei: este é o meu corpo" (Mt 26:26). Ceia do Senhor é uma comemoração (11:24). Quando comidos, o cristão traz à mente a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus Cristo.
- O pão que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? - O pão que partimos "Ceia do Senhor" (11:20), para participar na "mesa do Senhor" (10, 21), o pão asmo que Jesus usou quando Ele instituiu a Ceia (Mateus 26: 17-26).
            O organismo referido aqui não é a igreja (Ef 1:22,23), mas o corpo físico que foi crucificado. Comer o pão da Ceia do Senhor é ser participante da morte de Cristo, identificando os participantes com sua morte, os benefícios espirituais de aceitá-lo. Note-se que Diz Paulo que "bem-aventura, quebrado", ou seja, a Igreja reunida, e apenas alguns clérigos pouco não chamadas.
            O ato de "quebrar" (literalmente) o pão é só para a distribuição. Ele simboliza um ato durante a crucificação de Cristo.
            Ao tomar a Ceia do Senhor, os cristãos se identificam com o crucificado e totalmente dedicado a ele para a salvação. Tal é o significado do ato. Este é também significou para comer em adoração de ídolos, ou seja, a pessoa se dedica ao que ele acredita ser a vontade do deus pagão. Assim, o Cristão tem que fugir da idolatria.
            10:17 – Visto haver um só pão, todos nós somos um só corpo, porque todos participamos desse pão único – O que foi dito neste versículo confirma o que foi dito no primeiro. Note a palavra "comunhão" aqui, e "participar" aqui (e abaixo).
            O pão da Ceia do Senhor é um e para todos os cristãos em toda parte (há muitas) dar graças por ele e comê-lo (a mesma panela, não há outro que foi instituída pelo Senhor), de assim, aparecem como um corpo espiritual, unidos na sua identificação com a morte de Cristo e da sua parte dos benefícios de que a morte. O que torna os cristãos em um só corpo é o ato comum, eles comem pão e bebem do cálice da Ceia do Senhor. Que unem todos eles na mesma comunhão, ou corpo espiritual (a igreja, Ef. 5:23, Cl 1:18).
            Da mesma forma, participando de um almoço oferecido em adoração de ídolos torna uma pessoa está envolvida no corpo de idolatria. Todos os Coríntios podiam ver a lógica desta verdade tão clara. Agora, uma pessoa pode participar da morte de Cristo e da idolatria, ao mesmo tempo?
            O pão da Ceia do Senhor não é exclusivo apenas pão qualquer. É pão ásmo (Mateus 26:17-26). Ao entrar nestes cristãos e participar deste pão para identificar-se com a pureza da vida que o sangue de Cristo trouxe. (Considere Atos. 22:16, Ef. 05:26, Heb. 10:22, Tito 3:5).
            Por "um pão", Paulo não se refere a um pedaço de pão (para uso na congregação local), para Paulo a escrever este estava em Éfeso e diz: "participamos do mesmo pão".
            10:18 - Vede os filhos de Israel: os que comem as vítimas sacrificadas não estão por ventura em comunhão com o altar? - Esta é outra ilustração das instalações principais, a saber, que a comunhão com outros os identifica.
            Filhos de Israel, ou "Israel segundo a carne" foram os descendentes de Abraão na carne, que viveu sob a lei de Moisés. (A igreja de Cristo é o Israel espiritual, Rom. 2:28,29, 9:06, Gal. 3:7,29, 6:16, Phil. 3:3). Compare Gal. 04:29.
            Que fez o sacrifício e o sacerdote que ofereceu um holocausto sobre o altar, os dois comiam coisas sacrificadas, e assim dividiu o altar do sacrifício a Deus. Compare Dt-12:5-7,11-14; Lv-7, 1 Sam. 2:12-17.
            A participação é comunhão e comunhão identifica e se relaciona. Paulo diz que os judeus eram "participantes do altar", o que implica que a comunhão com Deus era através deste ato específico de adoração no altar. Os coríntios podiam ver o ponto: comer carne oferecida aos ídolos em um ato de adoração é ter comunhão com os "deuses" representada por eles era idolatria.
            10:19 - Que quero eu dizer? Que a carne sacrificada aos ídolos Ou o ídolo tenham, em si mesmos, algum valor? - Paulo antecipa uma possível objeção de que ele se contradiz, pois em 8:4,5 disse que, na realidade (Deus por trás) ídolo não tem existência.
            As respostas envolvidas em ambas as perguntas é "não". Paulo não admitir a existência de deuses pagãos, nem o sacrifício de certos alimentos em coisa ruim, mas não importa idolatria. Sua explicação está em ver. 20.
            10:20 - Não! Mas como os seus sacrifícios São oferecidos aos demônios, e não a Deus - Paulo começa este versículo com a conjunção adversativa, ali, “ao contrário (Mod, LA, HA), ou Não, mas, não, mas, não, "(SL, PB, NVI). "Eu não digo isso, mas essa outra coisa."
            Sacrificada aos ídolos se ela é realmente (embora não a intenção dos idólatras) um sacrifício aos demônios e não a Deus. Que não poderia ser negado! Sim, existem demônios, espíritos malignos não existem! Eles são agentes de Satanás, que instituiu a idolatria para trazer os homens para a sua adoração de Deus e trazê-los ao culto dos demônios. Ver Dt-32:17, Mt-12:24-29, Ef-6:12; 1:21, 2:02, 3:10, Jo-12:31, At-16:16-18, 19:13-17, 26:18, Cl-1:13, 1Tm-04:01, 01:34.
            Os pagãos nos dias de Paulo não sabiam o verdadeiro Deus (Atos 17:23). Eles acreditavam em demônios ou espíritos criados, inferior ao Deus desconhecido (At 14:11-18), algumas boas e outras ruins. Eles procuraram apaziguar o mal por meio do sacrifício. Expressou sua ignorância da idolatria (Romanos 1:18-23, Atos. 14:15, 17:23, Jo. 04:22, 1 Ts. 1:9). Mas no Novo Testamento, os demônios são espíritos malignos, os anjos de Satanás (2 Coríntios. 11:15).
- Eu não quero que vocês sejam parceiros com os demônios - Participar na adoração de ídolos é participar indiretamente com os próprios demônios, porque por trás da adoração de ídolos é a realidade dos demônios e Satanás, o homem que inspirou idolatria. Embora a intenção não seja cultos a demônios, como são o efeito e significado, os ídolos adorados.
            Isto prova que a pessoa pode estar em pecado, sem ter intenção de entrar no que é pecaminoso. Os coríntios participando no culto dos ídolos, tinha comunhão com os demônios sem saber. Sua ignorância vai pedir desculpas? É pecado, sabendo apenas o que é feito com a intenção de pecado? Claro que não! Satanás escurece a mente dos homens (Col. 1:13, Ef. 4:18, Ef. 6:12, Rom. 01:21, 11:10, 1 Jo. 2:11).
            10:21 - Não podeis beber, ao mesmo tempo, uma taça do Senhor e uma taça dos demônios; não podeis participar, ao mesmo tempo, na mesa do Senhor e na dos demônios - Quanto ao "beber" verbo, o texto grego usa o infinitivo beber = sendo continuamente presentes e participantes, é ação habitual. É moralmente impossível estar em comunhão com o Senhor Jesus Cristo e os demônios de Satanás de uma vez! Pela simples razão de que Deus e Satanás são dois grandes inimigos (Ap 17:13,14). Jesus disse a mesma coisa em Mt-6:24;12:30 (Não há neutralidade). Veja 2 Coríntios. 06:14 - 07:01. O cristão é Cristo (3:23), e não como Satanás antes de sua conversão (Rm 6:16-18). Embora, naturalmente, você pode tentar servir a dois senhores resultado oposto é impossível de alcançar.
            As duas frases, "beber o cálice" e "participar da mesa", declara a mesma verdade. O presente usual para "propor um brinde" ou "bebida de saúde" de alguns, tem suas raízes na prática pagã de fazer uma libação de vinho para a honra de um ídolo, às vezes seguido de uma oração a Deus, e depois o vinho era tomado pelos adoradores. O cristão zomba de Deus iria "beber o cálice dos demônios" durante a semana, e depois "beber o cálice do Senhor no domingo na assembléia da igreja, ou durante a semana para comer a carne trazida do altar do ídolo para o banquete domingo e depois comer a Ceia do Senhor Lembre-se Deus não se zomba (Gálatas 6:7).
            10:22 - Ou acaso estaríamos querendo Provocar o ciúme do Senhor? - O marido se irrita com ciúme quando sua esposa se junta com o outro. No Antigo Testamento foi usada esta figura no caso de Israel, quando se pratica a idolatria, isto é, quando ele participou de atos de adoração de falsos deuses, dando aos outros a lealdade que devia ao seu marido, Javé Deus. Ver Dt-32:21. Deus é zeloso (Êxodo 20:5, 34:11-17).- Somos nós mais fortes do que ele? Provocado ciúme, Deus vai punir. Agora, o que o homem pensa que Deus Ser mas forte para evitar qualquer punição dele? Se não, então deve o cristão a não incitar à emulação. Os coríntios estavam em este risco em matéria de comer coisas sacrificadas aos ídolos nos momentos de adoração.

CONCLUSÃO
            A Bíblia proíbe o cristão de participar da mesa do Senhor e do cálice dos demônios (l Co 10.20,21). Tal duplicidade religiosa leva o seu praticante ao pecado, à mentira, à falsidade, à idolatria, pois não há qualquer associação entre luz e trevas, verdade e mentira, entre o Senhor e Satanás. Não há meio termo na fé cristã e na doutrina (Mt 5.3 7; 6.24; Sl 119.113). Não existe verdade no erro, e nem erro na verdade, porque ambos se anulam mutuamente. Assim também, não há nada de sagrado no profano e no profano não há nada de sagrado.


[1] Tradução Ecumênica da Bíblia, Loyola, São Paulo, 1994.

[2] Ver: SCHIAVO, Luigi. 2000 Demônios em Decápole. Exegese, história, conflito e interpretação de Mc 5,1-20. Dissertação (mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista de São Paulo, 1999.
[3] SCHIAVO, Luigi. 2000 Demônios em Decápole... p. 133.
[4] KILPP, Nelson. Os poderes demoníacos no Antigo Testamento... p. 25. Kilpp
[5] PAGELS, Elaine. As Origens de Satanás... p. 70.
[6] Cf. LUTHER, Link. O Diabo: a máscara sem rosto. São Paulo, Companhia das Letras, 1988.